Lagoa Mirim, Santa Vitória do Palmar, RS
Os tipos humanos que tenho encontrado fazendo a mesma coisa que eu são realmente muito diversos, heterogêneos. A doença assalta sem preconceito de lugar, cor, raça, idade, sexo, se resolve que vai se instalar ali naquele lugar, será ali, seja o lugar onde for. Já estou achando que o meu tipo de CA é muito bom, não deforma à vista das outras pessoas, não aparece, vira churrasquinho mas ninguém vê...
Dias atrás no andar da quimio lá no Mãe de Deus, estive parada ao lado de uma senhora de cabelos bem branquinhos, ainda pensei comigo: “tadinha, nessa fase da vida com um problema desses...”. Daqui a pouco ela falou algo, eu respondi e estava sendo iniciada uma rápida conversa, quando ela me contou que os homens não tem a força das mulheres e que ela estava passando por maus tempos porque o marido não aceitava o que tinha. Era o marido que estava doente e não ela!!! Espiei com o rabo do olho aquele homem que tinha sido bonito, sentado firmão, enquanto a esposa se virava com a documentação...Fiquei pensando que depois de uma vida inteira, os cabelos brancos atestavam isso, existem pessoas que se rebelam contra a “injustiça de Deus”. Acho que essa deve ter sido uma vida perdida, sem valores espirituais sólidos. Fiquei penalizada dos dois.
Ao mesmo tempo, quando vou na radiologia COR lá na Orfanotrófio, vejo vans chegando do interior, trazendo pessoas diversas, mas em especial prestei atenção numa senhora velhinha que estava iniciando as radios junto comigo. Dessas pessoas de roça, simples e boas, acompanhada ora de uma filha, ora de um filho, sempre silenciosa e assustada. Anteontem, quando cheguei, essa senhora que nem sei o nome ainda, estava dormindo num dos sofás das salas de espera. Ao lado, seu filho me contou que ela não está agüentando o tirão, pois sai de Garibaldi as 4 da madrugada com a van e volta somente à noite. Nossa, me deu uma peninha e agradeci aos céus as inúmeras facilidades que tenho. Realmente os pretos-velhos me chamaram de “menininha de pouca fé”, agora vejo que eles tinham razão quando me passaram o pito.
Confesso que me deu vontade de trazer a velhinha para a minha casa, se ela se gerisse sozinha até daria, mas não posso fazer isso na estrutura atual.
Sou uma felizarda perto dos outros, vou é tratar de agradecer a tudo e a todos pra ficar de bem com o pessoal lá de cima e com o meu coração e meus propósitos de crescimento pessoal. Mas vou dizer uma verdade....nada é mais lindo do que elevar o pensamento através daquelas janelas banhadas pelo sol da manhã, em meio à natureza verdejante ao redor.
Como diz minha comadre de Maceió: “vamo muiééé...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário