15/2/2011 - Ontem à tarde fomos para o Hospital, meu estômago roncava e pedia por comida, é claro. Aliás, eu acho que nem contei que estou me alimentando quase que somente com produtos sem agrotóxicos, para não sobrecarregar o organismo com mais toxinas. Preciso ajudar o corpitcho a passar bem por esta fase, óóóóóó.... fase essa... à noite não durmo porque lá embaixo as coisas não se acomodam, dói mesmo. Toma água, levanta, toma remédio, a bexiga está reclamando muito seguido, o médico me explicou que é devido ao bombardeio da radio.
Então, chegando ao bloco cirúrgico do Mãe de Deus, reconhecidamente eu estava aflita, torcia as mãos sem parar. Pensando bem, eu não atuo muito bem sem um almoço e sou medrosa pra dor por natureza, então estava justificada a inquietude. Fui logo chamada, mas tomei um super chá de banco já na primeira sala, que era a sala de entrevista. Nessa salinha estávamos em duas pessoas, a Bárbara e eu. A Bárbara eu estava conhecendo naquele momento, ficamos trocando figurinhas, como normalmente acontece em salas de espera. Amenidades, na verdade para acalmar nossos espíritos.
Fomos chamadas para mais outra sala adiante, desta vez recebemos o lindo uniforme que tínhamos que vestir, de uma atendente nada simpática. Bem, de touca-camisolão-calçola-sapatilhas verdes, num modelito pra lá de audacioso, sentamos as duas para tomar mais um chá de banco na ante-sala do bloco cirúrgico. E com uma TV chatésima ligada, sem relógio, ficamos as duas ali, conversando. Mas acabamos atravessando por vários caminhos construtivos e a conversa produziu uma atmosfera de boas vibrações... imaginem duas figuras verdes falando sobre o sentido da vida, filosofando ao pé das macas cirúrgicas...
Ao ser chamada, acompanhei o anestesista e fomos para dentro do dentro, que sensação!!!! Essas sensações são sempre únicas, mescladas com o tempo que pára, o respeito pelo ambiente, a observação intensa, a sala em si com seus equipamentos e o temor de que vão mexer em você.....
Dormi e acordei sem perceber nada e me pareceu que estava conversando com a equipe o tempo todo, foi tudo muito bem, mas saí de lá com meu braço precisando de uma tipóia, embaixo da axila a musculatura doía muito, embora a incisão tenha sido feita logo ao lado do pescoço, à direita. Em casa fui despida e vestida pela minha filha, que tomou conta de mim com amor... Estou adorando essa parte de ser paparicada...
Mais um fantasma que se foi, quando eu retornar ao centro cirúrgico será para me ver livre desse acesso e, então, estarei curada.
Já passei por vários inícios, mas agora começou realmente a travessia. De momento estou agarrada no corrimão da ponte esperando pela quinta-feira, dia da primeira quimio. Depois desse dia acho que matarei todos os fantasmas que se formaram na minha cabeça, de vez....(continuo achando que é normal diante do desconhecido). Enfim, to crescendo com esse monte de experiências e emoções, to ficando mais corajosa no fundo da minha alma.....hehehe...
Bem, to indo devagarito, ando bastante cansada e com meus projetos pela frente no legitimo compasso de espera. Nesse momento eu sou a coisa mais importante, mas meu temperamento tem se rebelado contra isso, sempre acho que to vagabundeando sem fazer nada...
Não tenho jeito mesmo...mas um dia eu aprendo...
Sabem, conto minúcias aqui com uma finalidade específica: muita gente pensa que todos que se deram bem nos problemas, se deram bem porque são sortudos, porque não sofreram tanto, etc, etc....é uma tendência da maioria das pessoas achar que só eles sofrem, ninguém mais sofre tanto ou passa por um pedaço complicado. Conto em detalhes algumas passagens justamente para mostrar que cada minuto é vivido intensamente, as dores são sentidas sim e a história vai sendo escrita com as polaridades em evidência, depende de nós o equilíbrio da condução.
E com leveza e observação, tudo passa melhor.
Querida Ilane!
ResponderExcluirTeu blog tá lindo, com imagens sensacionais. Imagino que tenha sido o teu olho esteta que tenha clicado com tanto talento a natureza deslumbrante, parabéns!
Esse teu diário emocionante certamente nos faz refletir sobre a condição humana e sobre a nossa capacidade de absover os infortúnios e lidar com eles da melhor maneira possível, ou não. Mas tu és uma guerreira, uma mulher que não deixa a peteca cair muito embora também, por vezes, seja frágil e precie de colo. E aí, certamente, poderás contar com aqueles que te são caros e com os amigos fiéis. Espero que eu possa fazer parte desse grupo. Muitos beijos da Tânia Porcher
Ilane!
ResponderExcluirJá estou te seguindo no blog.. o Andreas me passou hoje... Vi que tem bastante textos novos desde de que tu me mostrou aquele dia!! Estou adorando ler os posts!!! Acho muito bom poder acompanhar contigo esses momentos! Ver a sua perspectiva sobre os acontecimentos... podemos sentir junto contigo... e isso nos dá a oportunidade de reavaliarmos nós mesmos... Com certeza crescemos junto contigo nessa Travessia!
Me identifico muito com todos os momentos, talvez por já ter passado por isso, só que na posição de observadora, coadjuvante do momento... vivendo de perto o lado de quem tá junto... e te falo... essa força que tu demonstra, principalmente falando dos momentos de medo, insegurança, dúvidas, ansiedades, ajuda todos à sua volta e, principalmente, tenho certeza que está te ajudando muito! Achei a sua iniciativa fantástica e de extrema coragem!!
Novamente quero que saibas que estais nas minhas orações diárias! Estou sempre pensando em ti e te enviando muitas energias positivas!
Não importa a dimensão dessa Travessia, tenho certeza que você irá concluí-la com sucesso!!! Estamos contigo!! ^^
Beijos grandes!
Elena